Uma transição problemática. Não tem qualquer relação com o medo da morte, nem tão pouco com a menopausa.
Pode ocorrer em qualquer momento da meia idade, até mesmo durante a aposentadoria.
Seja por conta de um evento específico, seja por um conjunto de fatores provocando um turbilhão emocional… quando esse momento chega, uma voz interior pede para não ser silenciada.
Por que a revolta? Que voz é essa? O que significa essa crise e como ela acontece no meio da vida? Confira o post para entender mais a respeito.
Caminhando para um lugar que não desejamos estar
Problemas conjugais, divórcios, traições, estresse da vida profissional ou desencanto com a profissão, saída dos filhos de casa ou ansiedade com aproximação desse momento, problemas de saúde ou eventos específicos como luto, dentre outras situações de profundo desconforto e intenso questionamento podem ser os precursores da crise.
Um desânimo emocional se instala a ponto de sucumbir a alegria até dos momentos mais especiais.
Quando ignorar os próprios anseios não vale mais o sacrifício, quando a sede por uma nova vida surge com tanta força a ponto de comprometer toda uma história construída nas últimas décadas, a crise do meio da vida pode entrar em cena.
Mais do que “correr atrás do tempo perdido”, essa crise está fortemente associada a uma profunda busca interior, uma auto análise que permita resgatar parte do próprio ser que tenha sido reprimido pelas circunstâncias da jornada de vida.
“O que ganhamos indo até a Lua se não formos capazes de atravessar o abismo que nos separa de nós mesmos?”
Essa frase de Thomas Merton traduz grande parte do sentimento que precede a crise do meio da vida.
Tal reflexão pode transformar o modo de enxergar a vida:
– seja por meio de mudanças interiores e discretas, buscando um sentido maior nas experiências vividas,
– seja assumindo novos papéis ou
– até mesmo construindo uma vida completamente diferente a partir de então.
Qual é a minha identidade?
Certas mulheres, por exemplo, viveram tão estressadas e sobrecarregadas a ponto de sequer sentir a vida passar e, em dado momento, começam a extravasar suas frustrações.
Exaustas devido à longa jornada, perderam o foco na medida em que se doaram de múltiplas maneiras.
A crise se instala e passam a buscar um forte senso de identidade. Pensamentos como “já fui mãe, filha, esposa, executiva..agora quero ser eu mesma..”
No meio da vida, é comum que já tenham meios financeiros e habilidades necessárias para reagir em busca desse ideal.
O poder da ruptura
Superar a crise, se (re)conhecer e encontrar o seu propósito de vida representam uma enorme conquista, pois o resultado significa viver em harmonia com os próprios anseios, valores e expectativas.
Muitos associam, dessa forma, que a crise do meio da vida torna-se, na verdade, uma das melhores oportunidades para o enfrentamento de si mesmo. O ‘crescimento’ é a exigência para este momento.
Crescer envolve desafiar as suas carências, seus complexos e seus medos; envolve assumir a responsabilidade por sua vida e seu bem estar. É uma jornada… em busca de você!
Segundo James Hollis, “A passagem do meio começa quando perguntamos: Quem sou eu, além da minha história e dos papéis que representei?
Fazendo uma ponte com a Psicologia junguiana, entende-se que partes reprimidas da nossa personalidade (positivas e negativas), chamadas de “sombras”, precisam ser compreendidas e incorporadas à consciência na meia-idade.
Os sonhos são um dos instrumentos que possibilitam descortiná-las e interpretá-las, buscando resgatar uma essência que foi silenciada, mas que é fundamental para a completude psicológica.
A energia desencadeada por esse movimento, resulta em esperanças, desejos e objetivos que renascem com uma força incontrolável!
Segundo a Dra. Van Susteren, “O maior erro que as pessoas cometem é não passar pela crise de meia-idade. Ela é um sinal de que você quer mais da vida. Que coisa maravilhosa!” E, na sequencia, ela acrescenta: “mas essa energia deve ser usada de maneira inteligente”.
Como? É sobre isso que falamos no próximo post: Como lidar com a crise da meia idade?
Celi Helena
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