“[…] esses homens vivem nesse ritmo do trabalho durante trinta ou mais anos de suas vidas. E sonham! Sonham com o tão esperado dia da liberdade, de ter um tempo só para si. Mas esquecem-se de que precisam aprender a viver esse tempo que não é o tempo do trabalho. Não é um tempo para os outros, é um tempo só seu” (RODRIGUES, 2000, p.11).
Atualmente, as questões voltadas às carreiras e profissões são alguns dos temas mais discutidos, pesquisados e polêmicos em nossa sociedade. O exercício profissional constrói e orienta a identidade dos indivíduos, pois guia de forma significativa suas rotinas de vida. Nas sociedades capitalistas, as pessoas dedicam grande parte de seu tempo e energia de vida no planejamento, deslocamento físico e efetivação de suas tarefas laborais. Como consequência, não lhe sobram muitos recursos para desenvolver outras atividades e relações sociais mais amplas. A aposentadoria, neste contexto, pode realmente significar um período muito difícil, já que o sujeito acredita que seu trabalho define quem ele é. Isso afeta sua autoestima e identidade e, invariavelmente, faz aparecer um sentimento de grande perda, confusão e desgaste emocional. Desordens psíquicas e físicas, derivadas deste processo, são observadas sob forma de queixas ambulatoriais e clínicas. Os indivíduos mais suscetíveis a essas desordens são aqueles que apresentam pouco autoconhecimento e, portanto, dificuldades em se reconhecerem como seres complexos, criativos e capazes de se adaptarem as mudanças da vida, resignificando sua história.
Assim, surge a pergunta: como (re)descobrir a si mesmo e não temer a vida pós-aposentadoria? Acreditamos que não há uma formula pronta e infalível para tal questão. Trabalhamos a partir das evidências científicas, experiências clínicas e institucionais que nos apontam a prevenção e o atendimento ás necessidades individuais como elementos essenciais na edificação do autoconhecimento, alicerce da integração e bem estar físico, mental, emocional e espiritual.
Referência bibliográfica:
RODRIGUES, C.L. O homem de pijama: O imaginário masculino em relação à aposentadoria. Dissertação apresentada a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2000.