Mesmo pessoas bem sucedidas podem sentir um vazio existencial.
Esse vazio poderá surgir, muitas vezes, da incapacidade de compreender as reivindicações do inconsciente.
No momento em que essa percepção é assimilada, fomenta-se o processo reconhecido como um dos legados de Carl Jung para a Psicologia.
Entenda que processo é esse e como se tornou um dos principais mecanismos utilizados por psicólogos de orientação junguiana para lidar com a crise da meia idade.
Por que Jung?
Os estudos de Carl Jung levaram a ciência a se deparar com um novo paradigma científico.
Sua metodologia exige uma postura criativa.
Jung construiu novos “conceitos”: vocábulos carregados de sentidos.
Um deles é a Individuação, um um processo de auto realização e autoconsciência, que decorre de uma harmonização do consciente com o inconsciente (nosso próprio núcleo psíquico/Self).
Nesse contexto, os símbolos são manifestações do psiquismo tentando levar o “Ego”(consciência) a integrar-se com o “Self”(essência, si mesmo).
A Individuação de Jung
A própria vida de Jung pode ser compreendida como um processo de Individuação que o levou a auto-realização.
A sua biografia corrobora sua tese sobre esse processo.
Na jornada do autoconhecimento, outras forças influenciam, colocando o papel da Persona em xeque e fazendo florescer o desenvolvimento pessoal.
Após o rompimento com Freud, Jung passa a experimentar sua nova vida intelectual, viajando para outros países e continentes, cruzando conhecimentos de antropologia, religião e cultura.
Suas viagens e introspecção, bem como o conceito de Inconsciente Coletivo trazido à luz em sua maturidade, não apenas revelaram sua singularidade, como contribuíram de forma ímpar para a Psicologia.
Os Desígnios do Inconsciente
O espírito humano é naturalmente criativo, precisa criar e viver experiências novas.
O inconsciente pode ser o regulador das ações humanas, inspirando a criatividade necessária para dar vazão a necessidade psíquica interna de expressar-se.
Usar plenamente essa criatividade, sem estar preso a determinantes externos, conduz ao auto-aperfeiçoamento.
Individuação não é individualismo
O indivíduo, além de se conhecer, deve se colocar no mundo.
Buscar o equilíbrio entre as demandas do mundo interno e externo, pois sua individualidade está a serviço de um bem maior.
Individuação não é individualismo, pois todos possuem um papel na comunidade, onde a jornada rumo ao autoconhecimento também significa nova contribuição na sociedade.
(…) Uma vez que o indivíduo não é um ser único mas pressupõe também um relacionamento coletivo para sua existência, também o processo de Individuação não leva ao isolamento, mas a um relacionamento coletivo mais intenso e mais abrangente.
(JUNG, 2009, § 853)
Choque de Realidade
Por volta dos 35 a 50 anos, pode existir um movimento interno para o encontro consigo mesmo. Jung chamou isso de “A Jornada do Herói”, quando o indivíduo sente a necessidade de fazer algo diferente para si.
A confrontação com o envelhecer, a ideia de finitude, bem como diversas questões sobre o sentido da vida começam a ser levantadas.
Mais do que simples curiosidades, brotam profundos sentimentos difusos e indefinidos. A resposta a esse choque definirá como se dará a 2a metade da vida.
Essa crise é descrita por Jung como Metanóia, palavra grega que significa mudança. A Individuação é apresentada como um mecanismo fundamental para lidar com esse evento.
A Crise da Meia Idade ou Metanóia
A crise do meio da vida envolve diversos aspectos. Para o melhor entendimento, sua abordagem é organizada aqui da seguinte forma:
- Um exemplo prático de como ocorreu a crise do meio da vida na história de uma das maiores colunistas do Wall Street Journal. Entender todo o contexto e sua trajetória deixa mais claro de que forma acontece a Metanóia:
https://www.celihelenapsicologa.com.br/no-auge-da-crise-da-meia-idade-e-agora/
- Entender esse fenômeno é o 1o passo para a superá-lo. Assim, para compreender os motivos pelos quais algumas pessoas atravessam a crise do meio da vida, foi publicado o post:
https://www.celihelenapsicologa.com.br/entendendo-a-crise-do-meio-da-vida/
- Apresentados os aspectos principais da Metanóia, lanço os seguintes questionamentos: Como lidar com a crise do meio da vida? Qual a postura a ser adotada?
https://www.celihelenapsicologa.com.br/como-lidar-com-a-crise-do-meio-da-vida/
O Papel do Psicólogo na Crise do Meio da Vida
Diversas ferramentas podem ser utilizadas na condução de um processo tão presente, como é a crise do meio da vida, mas qual o papel da terapia psicológica nesse contexto? Para concluir esse post, fica a frase do próprio Carl Jung:
“O principal objetivo da terapia psicológica, não é transportar o paciente para um impossível estado de felicidade, mas sim ajudá-lo a adquirir firmeza e paciência diante do sofrimento. A vida acontece num equilíbrio entre a alegria e a dor.” – Carl Jung
Celi Helena
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