O amor é um sentimento permanente no ideário das pessoas. Desde criança, já somos direcionados para sonhar em encontrar “um grande amor” que nos trará não somente a sensação de amar, mas, principalmente, a de ser amado, admirado e desejado. Este é o exemplo de relacionamento idealizado em nossa cultura, que está exposto em filmes, romances, novelas, músicas e no imaginário de muitos.
Enquanto a paixão é um sentimento explosivo, químico e vivenciado geralmente com muita intensidade, gerando alterações no pensamento, no comportamento e no corpo; o amor é um sentimento mais difícil de definir, pois cada um o vivencia de uma maneira muito própria. É chamado de “amor romântico” quando a paixão e o amor se encontram. Esse é um desejo comum à maioria e é uma possibilidade, um sonho alcançável, mas não é a regra. A ideia do amor romântico é a de que dois indivíduos incompletos finalmente se completariam por meio da união entre eles e almejariam viver assim para todo o sempre. Essa é uma dinâmica que funciona somente por algum tempo, pois, durante a juventude, não é possível perceber certos pontos, já que estamos inebriados pela sensação e ilusão de um encontro com nossa completude por meio do outro. Porém, é necessário compreender que uma relação envolve muito mais do que dois indivíduos: envolve também formas particulares de amar, de pensar, valores, comportamentos e sentimentos. Em outras palavras, envolve a interação entre dois inteiros e, não entre duas metades.
Visto que cada indivíduo é uma totalidade, há nele um universo próprio que precisa ser descoberto e respeitado pelo outro, jamais anulado. Essa diversidade, quando bem-aceita, transcende ambos. O amor, para sobreviver ao mundo real, precisa de algumas condições essenciais, que não são aquelas idealizadas por uma expectativa fantasiosa. Por isso, muitas vezes só amor não mantém uma relação em um formato saudável: o que não faltam por aí são relacionamentos tóxicos, doentios, insanos ou completamente vazios e solitários.
Muitos divórcios e crises ocorrem quando nos aproximamos da maturidade, justamente porque nessa fase passamos a sentir a necessidade de sermos aceitos e respeitados em nosso mundo subjetivo. Quando isso não acontece, a compreensão da relação com o outro e da relação com nós mesmos se complica e muitas vezes se esvazia. Nesse momento é provável – e também oportuno – que a relação chegue a um fim ou se transforme em um recomeço.
É precioso investir em um relacionamento maduro, baseado no afeto, respeito, desejo contínuo de conviver (criar um mundo comum entre o casal) e crescimento de ambos. Mas, antes disso, é imprescindível que esse investimento seja feito com nós mesmos, abandonando expectativas de que é preciso alguém para nos amar, completar e salvar. Esse é um trabalho e um aprendizado exclusivo de cada um de nós. Somos totalmente responsáveis por nossa independência emocional, pela construção de uma psique saudável e por nosso caminho na vida. Portanto, não aceite permanecer preso do lado de fora de si mesmo: entre em comunhão com você, com suas dores, com suas lutas, com suas glórias e, principalmente, com sua alma.
Descubra-se! Reinvente-se! O amor maduro e genuíno começa dentro de nós mesmos.
Celi Helena
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