Fale Comigo
- (11) 96445-0045
- contato@celihelenapsicologa.com.br
No senso comum a palavra psicossomática está amplamente associada a doenças de ‘fundo emocional’, cujos sintomas muitas vezes são considerados inverídicos mesmo pelos mais próximos ao doente. Por mais que a gênese de alguma enfermidade esteja relacionada a fatores emocionais, psique e corpo adoecem juntos, por inteiro e completo. Os sintomas são tão reais quanto o sofrimento físico e mental do paciente. A abordagem Psicossomática busca compreender o indivíduo de forma única e integral, concentrando sua atenção no doente e não apenas na doença. Sugere também que corpo e alma atuam em constante interdependência, isto é, não há como um corpo adoecido não afetar a esfera psíquica e vice-versa, assim como não há como cuidar de uma psique, sem refletir uma melhora no corpo.
O ser humano desde que nasce tem sua saúde física e mental regida de acordo com o modo que se relaciona com o mundo. Alguns adoecem devido à desarmonia ao se relacionar com o ambiente, enquanto outros são mais adaptados e, sendo assim, sofrem menos. Portanto, para a Psicossomática com base analítica o sintoma/doença é a representação de um complexo, com o objetivo de unir e integrar conteúdos inconscientes, reprimidos ou mesmo desconhecidos, à consciência. Encontrar o significado do que se representa simbolicamente no sintoma/doença pode ajudar o paciente na remissão de seus sofrimentos físicos e emocionais.
“[…] esses homens vivem nesse ritmo do trabalho durante trinta ou mais anos de suas vidas. E sonham! Sonham com o tão esperado dia da liberdade, de ter um tempo só para si. Mas esquecem-se de que precisam aprender a viver esse tempo que não é o tempo do trabalho. Não é um tempo para os outros, é um tempo só seu” (RODRIGUES, 2000, p.11).
Atualmente, as questões voltadas às carreiras e profissões são alguns dos temas mais discutidos, pesquisados e polêmicos em nossa sociedade. O exercício profissional constrói e orienta a identidade dos indivíduos, pois guia de forma significativa suas rotinas de vida. Nas sociedades capitalistas, as pessoas dedicam grande parte de seu tempo e energia de vida no planejamento, deslocamento físico e efetivação de suas tarefas laborais. Como consequência, não lhe sobram muitos recursos para desenvolver outras atividades e relações sociais mais amplas. A aposentadoria, neste contexto, pode realmente significar um período muito difícil, já que o sujeito acredita que seu trabalho define quem ele é. Isso afeta sua autoestima e identidade e, invariavelmente, faz aparecer um sentimento de grande perda, confusão e desgaste emocional. Desordens psíquicas e físicas, derivadas deste processo, são observadas sob forma de queixas ambulatoriais e clínicas. Os indivíduos mais suscetíveis a essas desordens são aqueles que apresentam pouco autoconhecimento e, portanto, dificuldades em se reconhecerem como seres complexos, criativos e capazes de se adaptarem as mudanças da vida, resignificando sua história.
Assim, surge a pergunta: como (re)descobrir a si mesmo e não temer a vida pós-aposentadoria? Acreditamos que não há uma formula pronta e infalível para tal questão. Trabalhamos a partir das evidências científicas, experiências clínicas e institucionais que nos apontam a prevenção e o atendimento ás necessidades individuais como elementos essenciais na edificação do autoconhecimento, alicerce da integração e bem estar físico, mental, emocional e espiritual.
Referência bibliográfica:
RODRIGUES, C.L. O homem de pijama: O imaginário masculino em relação à aposentadoria. Dissertação apresentada a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2000.
O tema “envelhecimento” vem sendo muito discutido ultimamente, já que o homem está vivendo por mais tempo e a população de idosos logo será maior que a de jovens. Entretanto, ainda é lamentável que em nossa cultura, além de não haver um conhecimento claro sobre a atribuição e finalidade da segunda metade da vida, há uma ideia pré-concebida de que a velhice se caracteriza somente pela decadência física e ausência de papeis sociais. Pois é justamente nessa etapa da vida, quando os ganhos materiais e sociais já foram conquistados, que o indivíduo pode apresentar maior criatividade e possibilidade de crescimento em seu mundo interno. A boa noticia é que nos últimos anos, está sendo construída uma imagem bem mais positiva sobre a velhice com diversas oportunidades de experiências.
A Psicogerontologia investiga e compreende o fenômeno do envelhecimento neurofisiológico, psíquico e social. Considerada como uma fase vital, rica de novas necessidades, possibilidades e consequências. A fragilidade das transformações no envelhecer e os aspectos psicológicos envolvidos neste processo precisam ser analisados de forma subjetiva. Temas como a história de vida, relações familiares e sociais, mudanças corporais, memória, transtornos psíquicos ou cognitivos, encerramento de carreira profissional e sexualidade são temas relevantes para a reflexão e o autoconhecimento nesse estágio. Assim, uma interpretação negativa em relação ao próprio envelhecimento poderá prejudicar seu autoconceito e sua autoestima, o que afetará sua vida física e psíquica. É importante destacar aqui, que o envelhecimento não ocorre de uma hora para outra. Começamos a envelhecer assim que nascemos, portanto, este é um processo complexo e contínuo ao longo da vida. No senso comum, há a crença de que não é possível ocorrer mudanças ao envelhecer, porém, a idade adulta e velhice são etapas da vida que estão sim abertas às mudanças, sensíveis às diversas fontes de influência.
Há de fato, perdas e declínios, tal como sustentam os velhos estereótipos, mas há também ganhos, aquisições, conquistas, acréscimos e reorganizações que contrariam essas velhas crenças. É necessário compreender que em qualquer fase da vida haverá desafios, conseguir assumi-los com ânimo e equilíbrio poderá garantir antigos sonhos e novas realizações pessoais.
Na Psicologia Analítica, metanóia significa mudar de conceito, mudar suas próprias ideias. É conhecida como a crise da meia idade. Para Jung, até a metade da vida, por volta dos 30 (atualmente em torno de 40 anos), estamos em um processo externo, buscando ter uma vida social, carreira, família, dinheiro, status, etc. Quando entramos na segunda metade da vida, esses valores já não parecem mais tão adequados à realidade. Aquilo que deixamos para depois se apresenta como demanda nessa nova etapa.
Será nesse momento, que para muitos de nós, o modo de pensar a vida, de ver o mundo, e até mesmo, de se ver, desorganiza-se e faz parecer que não nos encaixamos mais em nossa realidade. Esse é um momento de revisão! Impõe um olhar para dentro; impõe acreditar e seguir a nós mesmos. Portanto, é uma fase que pode provocar muita angústia e sofrimento, mas também, liberdade e renovação!
Olhar para os sintomas dos filhos como reflexos do que se passa na vida conjugal dos pais é desafiar a visão tradicional da ‘criança problema’, do ‘aluno preguiçoso’ ou mesmo da ‘aborrescência’. A partir das experiências de quase duas décadas no trabalho clínico com queixas referentes aos problemas de aprendizagem, tive a oportunidade de aprender com meus jovens pacientes que, em muitos casos, eles eram portadores de sintomas oriundos das dinâmicas conjugais dos pais. Então, comecei a me interessar e investir esforços com os casais, visando promover um melhor entendimento dos processos que envolvem a vida conjugal e seus reflexos no desenvolvimento dos filhos.
E tenho notado que, muitas vezes, as dificuldades manifestadas pelos filhos funcionam como uma ‘cortina de fumaça’ para os conflitos familiares e conjugais. Isto é, quanto mais o comportamento de um filho se apresenta como ‘problema’, a atenção da família se volta para esse foco, fazendo com que os pais/casais não tenham que olhar para as próprias questões mal resolvidas. É claro que o surgimento de sintomas comportamentais ou educacionais numa criança não se limita a essa causa, mas vejo que esse fato, ainda desconhecido por muitas famílias, atua como força criadora/mantenedora das dificuldades de aprendizagem.
Quando isso é percebido no consultório costumo fazer a seguinte pergunta para os pais: “como está o casamento de vocês?”. Esse é um momento crucial no trabalho clínico, pois não é raro encontrar cônjuges que há tempos estão insatisfeitos em diversos aspectos do casamento; casais que utilizam a comunicação de forma rasa e burocrática, isto é, como ferramenta útil para resolver problemas do dia a dia, mas ineficiente para expor seus sentimentos; parceiros sem intimidade, portanto sem conhecimento mútuo, entre outras questões.
Às portas da faculdade, muitos jovens se deparam com uma questão inevitável: qual caminho devo seguir daqui em diante? Se a dúvida é legítima, decidir não é nada fácil.
Envolve investimento de recursos preciosos como tempo, expectativas próprias, familiares e sociais, dinheiro, esforço físico e mental, entre outros. E não há garantias de sucesso.
Nos últimos vinte anos venho trabalhando com jovens pré-vestibulandos e adultos insatisfeitos com suas carreiras. O jovem traz seus sonhos e muitos mitos sobre as profissões e as carreiras.
Não raro buscam saber quais serão as áreas mais promissoras nos próximos anos, receitas prontas de como entrar nas melhores faculdades, fórmulas mágicas de como se alcançar o sucesso e a felicidade profissional ou mesmo o famoso teste vocacional de resultados instantâneos.
Já o adulto chega para psicoterapia, eventualmente deprimido, relatando histórias profissionais insatisfatórias.
Em ambas as situações, evidências clínicas recorrentes têm me apontado que eles precisam, de fato, conhecer seu perfil vocacional.
O processo de autoconhecimento que se propõe é mais longo e complexo do que se imagina, mas, quando há disposição e boa vontade para esse aprendizado, os resultados têm se mostrado bastante positivos.